O nascimento e morte de um deus

| por Antonio Mormile (edição e revisão: Waldomiro Vitorino)

Abraham Maslow (1908 – 1970) ao propor sua genial teoria de hierarquia de necessidades certamente pensou e analisou uma infinidade de necessidades humanas no intuito de saber se todas elas se encaixavam em uma das cinco propostas. Dito isso, onde alocar a necessidade de encontrar explicação para os fenômenos e fatos que acontecem conosco ou ao nosso redor, de entender as causas destes?

A famosa “Pirâmide de Maslow”

Em sua teoria elas se encaixam como necessidades de auto realização no topo da pirâmide. Fato é que esse processo mental peculiar ao ser humano é base para o nosso desenvolvimento, em particular no que tange a ciência. Mas o que acontece quando a explicação ou a causa do fenômeno ou fato está além do nosso conhecimento ou nos falta informação para tanto? Nem sempre temos uma reação inteligente e racional, por vezes recorremos ao sobrenatural ou ao paranormal e assim eventualmente “nasce um deus”.

reaction star trek facepalm picard

Esse é um tema explorado em diversos episódios das séries de Jornada nas Estrelas, e é o caso do quarto episódio da terceira temporada da Nova Geração, “Who Watches the Watchers”, um dos melhores episódios de todas as séries na minha opinião. Nem sempre as coisas acabam bem como nesse episódio. Por um momento saindo da ficção e voltando a realidade humana, a história nos mostra o quanto de desastroso, cruel, devastador o nascimento de um deus pode trazer como consequência. Os deuses inventados pela humanidade, são responsáveis, motivaram milhões de mortes, um número incontável de atrocidades (ou serviram de pretexto para tanto). Mesmo se levarmos em consideração os benefícios que essas invenções possam ter trazido, não há como justificar essa realidade trágica. Não há como dizer o que teria acontecido se esses deuses não tivessem sido inventados, mas há como constatar o quão perverso e desastroso foi. 

Voltando ao episódio de Jornada, o deus ali inventado, no caso o capitão Picard, “morre” logo em seguida, se revelando como um ser normal, natural, mortal. Voltando a realidade humana, deuses por vezes “morrem”, não de forma tão abrupta como no episódio, mas morrem, e se houver tempo, ou seja, se a humanidade sobreviver tempo suficiente, todos os deuses, todos, morrerão, assim como o deus Picard morreu, inevitavelmente.

___________________________________________________________________________________________________________

        ANTONIO MORMILE

COMPARTILHE!