O Culto à Personalidade
| por Fernando Augusto Dias Afonso (edição e revisão: Waldomiro Vitorino)
Muitas vezes vemos pessoas seguindo alguém mais pelo carisma do que pela mensagem que a pessoa carrega. Claro que esses líderes falam coisas que apelam para o senso de justiça, patriotismo ou até xenofobia para conseguir seus seguidores.
Por exemplo, o capitão Ed Mercer em The Orville citou “a mentalidade da multidão”, e como isso torna mais fácil seguir esses líderes, mais fácil de aceitarmos qualquer liderança por pior que ela seja. Star Trek, nesse ponto, mostrou várias vezes pessoas dando a vida pela causa que não era deles, pela simpatia e forma do líder vender suas ideias.
No episódio “Valiant” de Deep Space Nine, vemos um grupo de cadetes liderados por Tim Watters, um cadete que assume o comando da USS Valiant após a morte do capitão Ramirez. Watters faz a cabeça dos outros cadetes com palavras bonitas, pedindo para que eles dessem a vida pela causa, o que levou seus seguidores à morte. Ao final vimos Nog falando que o capitão Watters “pode ter sido um grande homem, porém ele foi um mal capitão”.
Essa lição que Star Trek quis dar, mostra que muitas vezes líderes estão mais preocupados em se eternizar do que com o bem estar das pessoas que o seguem, mas o carisma contagiante deles, faz com que não percebamos a tempo que são pessoas que não valem a pena seguir.
Claro que a ficção usou esse conceito há muito tempo, com líderes populistas fazendo planetas inteiros os seguirem cegamente pelo bem do Estado. Quem pode esquecer o “Grande Irmão” vigiando a humanidade para seu próprio bem? Até mesmo o Capitão Sheridan, de Babylon 5, foi acusado de ser um desses líderes pelo seu próprio chefe de segurança, mas nesse caso ficou claro que as boas intenções do capitão eram legítimas e ele realmente era um herói. Porém como saberíamos quem é o herói?
Líderes obcecados com si mesmos, que se acham maiores do que a própria causa, achando que as regras não se aplicam para eles se auto intitulam “heróis”. Não há dúvidas de que para muitos Cardassianos, Gul Dukat era um herói. Mas e para os Bajorianos?
Também vimos o capitão Maxwell, no episódio da TNG “The Wounded”, liderando seus tripulantes para provar uma conspiração dos Cardassianos, porém claramente o capitão era uma boa pessoa traumatizada pela Guerra. No final o capitão estava certo, porém seus atos eram errados.
E quem pode esquecer as várias vezes em que nossos capitães favoritos foram contra as ordens, porque era a coisa certa a se fazer? Será que todos na galáxia viam Kirk com um herói? Será que todos nossos heróis são realmente altruístas e de coração puro? E se vamos falar de pessoas sendo manipuladas, temos que falar do Capitão Lorca, o quanto a tripulação da Discovery estava perdida pela influência desse capitão do Espelho.
Porém sempre que penso nesses assuntos acabo me lembrando de “Let That Be Your Last Battlefield” com Bele e Lokai dividindo a tripulação da Enterprise tentando continuar uma guerra de ódio de 10 mil anos. Cada um usava armas diferentes para conseguir seus aliados, Bele usava a lei e a autoridade de seu governo para conseguir por meios formais seus aliados e continuar a sua perseguição racial. Já Lokai usava seu carisma, sua mensagem para continuar o ódio e sua vingança. Quantas vezes esse dois fizeram pessoas morrer por sua causa antes de descobrirem que o ódio havia destruído tudo que eles amavam, pelo que eles lutavam.
No final temos que ser todos vigilantes e ter certeza que nossos heróis são realmente heróis.
Fernando Augusto Dias Afonso
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