Fanboys versus Haters

| por Fernando Augusto Dias Afonso (edição e revisão: Waldomiro Vitorino)

Hoje em dia, todos podemos perceber que há muita polarização em toda parte. Ou a pessoa é considerada a melhor de todos os tempos, ou a pior que já existiu. O melhor jogador ou o pior de todos, o melhor partido político que já existiu ou o pior. Está cada vez mais difícil existir espaço para a opinião intermediária.

E infelizmente, a mesma coisa está acontecendo no mundo do entretenimento. Peguemos Star Trek: Discovery como exemplo. Muitos acusam quem critica negativamente a série de “hater”, por mais que a pessoa também levante pontos válidos sobre ela. E mesmo que a pessoa goste de alguns aspectos da série e até elogie alguma parte dela, para esses que xingam de “haters” nada disso costuma importar. Para eles, o tal crítico não é fã “de verdade”.

Saudades da época que tínhamos em exibição na TV, quase ao mesmo tempo, Star Trek: Deep Space Nine, Star Trek: Voyager, Babylon 5 e Stargate SG1. Quando você podia ver séries e ter discussões inteligentes sobre elas sem ser ofendido pelas pessoas que torcem por suas séries como se fossem times de futebol. Imagina como seria se, em 1989, quando foi lançado Star Trek V: The Final Frontier,  todos que criticaram o filme fossem rotulados de “haters”. Se quem viu o Jar Jar Binks em 1999 e torceu o nariz fosse imediatamente criticado sendo dito que não era fã “de verdade”. Ou se alguém que não gostou de Poderoso Chefão – Parte III fosse gratuitamente ofendido pelas pessoas, sendo dito a ela: “Se você não gosta, não assiste!”.

Claro que também tem o outro lado da história, a pessoa que só sabe criticar, que nada nunca vai ser bom, que tudo é uma abominação ou uma ofensa, que não sabe reconhecer que algo não foi feito para ela, mas para outro público, que não sabe entender certas liberdades criativas, ou até uma tentava que não deu muito certo mas teve o mérito de tentar. Ou aqueles que somente odeiam por odiar cegamente. Essa sim, aliás, a real definição do chamado “hater”.

E ainda seguindo essa lógica polarizadora, temos também a figura do “fanboy”, que seria o extremo oposto do “hater”. O “fanboy” por definição é aquele que gosta de tudo, não tem muito senso crítico e apenas aceita todo e qualquer produto de sua franquia (ou franquias) favorita (s) sem muito questionamento. Apenas engole o que lhe é jogado somente por já ser fã da marca (ou das marcas).

De igual maneira, também não há nada errado em gostar e querer ver sua franquia favorita crescer e torcer para que tudo dê certo. Contudo, se você simplesmente aceita qualquer coisa, não fala para os donos da marca o que gostou e não gostou, eles não vão saber como melhorar o produto. Imagina se os produtores de Star Trek: The Next Generation tivessem tido somente elogios na primeira temporada da série? Nunca teríamos tido, por exemplo, a mudança de protagonista de Riker para Picard e assim poderíamos ter perdido uma dos melhores séries de ficção científica de todos os tempos.

star trek whatever GIF

A verdade é que sempre que você assiste algo novo, você pode dar uma chance para a história, mas não é obrigado a gostar. No entanto, criticar (positivamente e/ou negativamente) é direito de qualquer pessoa e todos devemos saber aceitar a opinião do outro, independente de concordarmos ou não.

Infinita diversidade de opinião leva indubitavelmente à infinitas possibilidades.


Fernando Augusto Dias Afonso

     


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